Prefeitura de Itatiba faz silêncio sobre polêmicas na UPA
quinta-feira, 6 de setembro de 2012Silêncio. É a única resposta da Prefeitura de Itatiba até agora sobre as questões polêmicas que envolvem o nome da UPA 24h (Unidade de Pronto Atendimento – UPA “Antonio Carlos Bedani – Garrincha”) tornadas públicas nas edições dos últimos sábado e domingo. Desde segunda-feira a reportagem vem aguardando a manifestação da municipalidade, sem resposta até o fechamento desta edição.
A primeira das polêmicas se trata de dois casos de mortes de pacientes que teriam buscado atendimento na unidade. A UPA registrou sua primeira morte in loco no último dia 26, quando uma idosa que chegou engasgada não resistiu. O posicionamento oficial não foi dado, mas a discussão ganhou a internet. Na rede social Facebook, uma usuária integrante do grupo de discussão “Itatiba Precisa de Que?”.
A reprodução da reportagem publicada no último sábado, dia 1º, no grupo gerou 57 manifestações de membros em 4 dias, entre as quais as do vice-prefeito, e médico, Ariovaldo Hauck da Silva (que em seu perfil é apenas Dr. Ari Hauck) e a do genro da idosa que morreu na UPA, o advogado Claudio Forssell.
Segundo o testemunho público de Forssell publicado na última terça-feira – ele disse ter se manifestado por se tratar de assunto que envolve sua família – a falha médica seria descartada, mas não o tratamento dado ao caso. Para ele, a imperícia da equipe foi latente. “Nada posso dizer sobre o atendimento médico dado para minha sogra, já que não vislumbrei negligência por parte do corpo clinico que ali se fazia presente… cheguei com minha sogra morrendo e enquanto empurrava a cadeira de rodas ouvi uma verdadeira “intimação” de uma das atendentes: “cadê a identidade?”. Ora, nem os meus documentos eu tinha, quanto mais a identidade da minha sogra… A forma da abordagem realmente foi um desastre”, disse.
O advogado ainda atribuiu em seu comentário a falta de preparo da equipe ao fato de um possível adiantamento na inauguração da UPA, para não coincidir com o período de campanha eleitoral, e, portanto, não poder contar com a presença dos candidatos da atual administração. “Para não “perder” o momento da inauguração, já que havia vedação legal para tal, quer me parecer que não houve tempo hábil para o treinamento que deveria ser dado ao pessoal administrativo daquela unidade de pronto atendimento. Outro ponto falho: Depois do óbito, perguntei como eu deveria agir, já que não sabia se devia aguardar um documento para depois procurar a funerária ou vice versa. Pois bem, um médico, novissimo por sinal e que não atendeu minha sogra, me disse que não sabia como agir. As atendentes, então, me disseram que nunca havia ocorrido uma morte no UPA e que também não sabiam como agir. Lá pelas tantas, me disseram que minha sogra deveria ser levada ao IML de Jundiai. As pessoas que trabalham no UPA, sem exceção, estavam totalmente “perdidas”, sem qualquer condição de dar uma resposta ou uma palavra, mesmo que de conforto.”.
Segundo o relato do advogado, a questão só foi resolvida depois de muita conversa, idas e vindas entre UPA e funerária e dúvidas da equipe médica do local. Ele finalizou seu relato dizendo “Esses são os esclarecimentos de quem vivenciou um drama no UPA”.
Outro lado
Entre a troca de ideias dos participantes do grupo, uma das mais proeminentes é a posição defendida pelo vice-prefeito Ari Hauck em várias participações. Na primeira, publicada no domingo, ele diz: “Posso adiantar que já estou levantando dados e que amanhã [segunda-feira] as providencias serão tomadas, inclusive de interpelação extrajudicial, sempre respeitando a urgência e gravidade do ultimo fato, uma vez que o primeiro óbito esta bem esclarecido, mas também respeitando-se o processo investigatorio e o direito de defesa”. Em outra postagem, entre interações com outros participantes do grupo, garante: “Vou acompanhar o casa (sic) até as ultimas consequencias e me coloco como voluntario para auxiliar nestes trabalhos”. O vice-prefeito fechou sua participação no fórum com “O assunto merece o devido respeito e que se tenha oportunidade de avançar na investigação em andamento…finalizo aqui minha participação nesta polêmica”, em publicação desta terça-feira (4).
Passado
A segunda, sobre o fato da organização social de saúde (OSS) Associação Brasileira de Beneficência Comunitária, conhecida como ABBC, que administra a UPA local, ter como dono Edison Dias Júnior, que tem seu nome envolvido em escândalo na saúde de Ribeirão Pires. Ele também consta como dono da OSSPUB – Organização Social de Saúde Pública, com sede em Santos, que prestava serviços na cidade da grande São Paulo, mas de onde foi afastada judicialmente em março último. O motivo, divulgado pela imprensa daquela região, seria o desvio de dinheiro público para compra de bens particulares em nome de Dias Júnior.
Fonte: Rede Bom Dia